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"Conto isto a uma distância de anos... Lembro-me bem da maneira como falavas comigo, da maneira como me tratavas, do jeito que me aconselhavas a fazer de tudo e mais alguma coisa, davas-me alegria, força e coragem. Deste sempre o teu melhor para apoiar toda a gente e o que custa agora é que já não estás cá para ajudar mais alguém...
Falar é sempre mais fácil, dizer “tem calma” ou “tudo vai ficar bem”, são frases típicas nos maus acontecimentos, que por mais que sejam sentidas, vindas de dentro, acabam por sair da boca para fora.
Todos os momentos, todas as palavras que fomos dizendo uma a outra pela vida fora, pelos dias de sol e dias cinzentos, dizendo tu, “com cara de quem vai chover”, com aqueles olhos tristes de quem odeia chuva, pelas noites longas em que dormia contigo e tu me contavas histórias de quando eu era pequena, vivia sem saber o que fazer, sem ter nada com que me preocupar, fazias a minha comida, vestias-me, apertavas-me os atacadores, brincavas comigo, não tinha preocupações e vivia no bem bom, é tão bom recordar esses tempos, tempos em que estava contigo.
Lembras-te de chamares por mim demasiado cedo para tomar o pequeno-almoço e eu ficava chateada porque queria dormir mais? Desculpa, desculpa por descarregar milhões de vezes o meu humor matinal, logo em ti, que pensava que irias estar para sempre comigo, para me desculpar por tudo e mais alguma coisa, por mais que te deixasse triste, nunca o demonstravas.
Cheguei a ver-te mal, não sei como consegui, todas as palavras queridas que me disseste mesmo com o fôlego a falhar, perguntando como ia a escola, dizendo de fim-de-semana a fim-de-semana que eu estava crescida, sorrindo sempre, mesmo sabendo que só podias estar na cama, mas eu estando ao teu lado, era a tua maior alegria, sabias que ia ver-te sempre que podia.
Acho que quando as pessoas “vão embora” é que lhe damos ainda mais valor, lembramo-nos dos bons e dos maus momentos, pedimos desculpa por todos os erros que cometemos e pelo mau ambiente que por vezes tenhamos proporcionado e sorrimos a chorar, ao relembrar todos os bons momentos que tenhamos vivido, juntos. Todos os fins-de-semana sabias que te ia visitar, tantas vezes que ficaste com os olhos cheios de lágrimas, quando o meu pai ia embora e tu apenas dizias “vai com deus”, por não conseguires dizer nem mais uma palavra, agora quando te quiser ir visitar, fico desorientada, não estás no quarto, não estás mais na tua casa, mas ainda assim, levo-te sempre uma flor acompanhada de uma lágrima de saudade."

foi um texto q fiz para um trabalho de português, achei q devia partilhar. beijinhos *

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